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Um refresco gelado, para o peso enredado.
Às vezes me esqueço, O quão é fácil Me enredar Na minha própria tristeza. Aí me lembro, Que só escrevo Quando o peso Sufoca. De lá de dentro Borbulha Borbulha Até que sobe As letras Em bolhas Que pena é Não é um frisante.
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O fulgor da paixão de outra vida que me trouxe até essa.
Eu o abracei e me rasguei em seu arame farpado. “Me desculpe, por favor, me desculpe!!” Eram lágrimas em forma de palavras que pintavam em mim e se misturavam em meu sangue. A escolha de enfrentar dores tão profundas foi minha. A verdade a ser vista com os olhos semicerrados e sorrisos de escárnio. A…
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Talvez é isso?
Parei para pensar e, talvez, não me lembre de tanto o que aconteceu antes por ter acontecido demais. Parei para pensar e tentar achar uma justificativa para a falta que me faz o passado. Talvez me escape as memórias por não ter nada que vale a pena lembrar. Talvez o que eu lembre é o…
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Faz tanto tempo que não escrevo nada que preste que sinto falta e vontade de ser desafiada.
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O fio da lembrança que vem de um novelo de lã.
Não sei o que tenho que me torna tão esquecida. As lembranças se perdem em meu cérebro em seus infinitos labirintos. Ás vezes sinto que há várias camadas de lembranças, onde uma se sobrepõe a outra e as unem em sentimentos e confusão, até que as enormes camadas se achatam em uma linha tão fina…
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Apenas para não sumir.
Sou extremamente preguiçosa. E é por esse motivo que provavelmente nunca serei rica. Até porquê não almejo a riqueza, apenas os benefícios dela. O que é bem controverso. Dê-me uma cama, comida, banho e livros e estou satisfeita. Claro, com os boletos pagos.
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O calor oprime o corpo e derrete a mente.
Deixei que a água lavasse qualquer vestígio do que havia de pior em mim. Mas a água só lavava meu suor e a sujeira que acumulei durante o dia. Enquanto a água fria batia em meu couro cabeludo, fechei os olhos e deixei que os pensamentos se dissipassem em cascatas molhadas. Do que adianta ficar…
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Necessidades fisiológicas
A crueldade é que para um, você necessita do outro – Dignidade da Pessoa Humana – ou poderíamos muito bem abrir um buraco na terra e fazer o que tenhamos de fazer. Poderíamos atirar em pombos, esfolar, picar e cozinhar. Poderíamos até mesmo adquirir um manual de sobrevivencialismo e ir viver no mato, a la…
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Uma eternidade entre o Tempo e o Relógio.
Caminhei por entre as lápides com um sentimento de resignação. Estava lá, o vivo andante, o morto em vida. Ao meu lado o silencio sepulcral. Sepulcral até onde se sabe que o é. Será que realmente é? Será que não há mais sons no local de descanso não tão eterno dos mortos? Semana passada mesmo,…
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Me cura de minha histeria, com suas mãos e língua.
Tenho a sensação de que murchei até secar. Me tornei tão pequena e seca, que foi difícil me reencontrar. Entretanto, me tornei murcha na terra E minhas lágrimas aguaram o chão seco do meu coração Acontece, que eu me tornei semente, Minha dor semeou Virei raiz Das raízes, do talo virou flor Da flor, virei…