Seus pés tocaram no chão, suas mãos percorreram as paredes, suas narinas inspiraram o cheiro, contudo ela não viu nada no horizonte, sorriu.
Um caminho sem direção, o qual ela seguia feliz, sem saber dos perigos que a cercava ou sem ter a certeza de saber o que encontrará no fim.
O chão gelado deixou uma sensação nos pés que a lembrou de correr quando criança e escutar a mãe gritar
— Menina! O chinelo! – e ela riu.
O vento forte não a deixou ser abalada, dentro de si uma resiliencia inalterada, um sentimento de certeza, “O fim está próximo!”, mas não estava.
O que parecia ser a chegada, nada mais era que a curva, e atrás da curva, o morro.
Correu, em meios trôpegos, de forma descuidada não viu a pedra e caiu. O joelho ralou, o sangue escorreu, mas ignorou a dor, buscava somente a certeza que atrás da curva, atrás do morro, o fim.
Suas pernas ardiam, seus pés sangravam, sua ferida latejava, contudo ela correu. Diferente dos outros momentos, esse em especial a deixou em deleite, com as mãos nas paredes, sentiu a firmeza de estar ali, naquele momento, correndo em busca de uma certeza que na frente havia um fim.
Atrás da curva, atrás do morro, havia um lago. Nadou.
Atrás da curva, do morro, do lago, havia uma floresta. Desbravou.
Atrás da curva, do morro, do lago, da floresta, havia uma cidade. Percorreu.
Atrás de tudo, já cansada e machucada, percebeu, não há um fim, há um caminho e do caminho seu próprio fim.
Findou.