Meus pés na areia marcam um rastro por onde piso. O sol é só uma luz à distância de quem o procura. A água fria deixa um choque por onde toca e os arrepios sobem no meu corpo, todos os pelos eriçados. O vento vem numa calmaria mal murmurada, dizendo baixinho notícias do Norte. Ou seria do Sul? Eu me perco nas direções da Rosa dos Ventos. Assim como estou há muito perdido.
As ondas me embalam para frente para trás, quase um embalo do colo da mãe ao amamentar.
Mergulho e deixo que o mar me leve, espero ser capaz de chegar ao fundo.
Não sei nadar. Essa, provavelmente deveria ser a primeira coisa a ser dita. Entretanto a agitação do mar deixa o coração palpitando, isso faz que a emoção seja esmagadora. Até onde posso ir sem me afogar? Se eu me afogar alguém virá ao meu socorro?
Por um breve momento, a água salgada entra no meu nariz e arde minhas vias respiratórias, eu tusso, mas não é o suficiente. Estou me afogando. Meu coração frenético tenta sair do peito, meus braços batem e tentam alcançar a superfície. Estou muito longe para alguém me ver. Me deixei levar pelas ondas e o mar me abraçou. Nesse momento minhas lágrimas se misturam com a água salgada e eu sinto que sou um só, tudo está escurecendo na minha cabeça ou será que já anoiteceu?
Alguém grita ao longe ou um pássaro remanescente. Eu me afundo. Olho para cima e veja os raios entrando na água. Tudo está calmo. Me afoguei ou estou apenas delirando?
Aqui, no fundo, é calmo e pacífico. É possível ver os corais, os peixes e as algas.
Eu sorrio, diante essa beleza. No fim, me afogar foi satisfatório. E quando tudo escureceu e meu pulmão arde eu sei que não é tarde demais. O mar leva, o mar traz.
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Obrigada!
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