– Arrume a blusa dela, por favor. Isso, do lado esquerdo? Oi? Não! Deixe o cabelo como está… Liguem as luzes. Está pronta, senhora L.?
– Sim.
– Vamos começar… (…)
Olá a todos, estamos hoje com a presença da cantora L.,a qual vem fazendo sucesso nos teatros e nos shows aos quais se apresenta ao interpretar a música não apenas com a voz, mas também com as lágrimas que tanto emocionam aos fãs. Seja bem-vinda, L. E hoje começa mais um “Diálogo com Você”.
– Obrigada pelo convite, Teodoro, sempre um prazer escutar ao seu programa, e um prazer maior ainda estar aqui contigo e toda sua audiência.
– Bom, primeiro vamos começar com o seu nome, você nunca deu o seu nome verdadeiro ao público e sempre se apresenta com L. O por que disso?
– Eu já dou muito de mim para o mundo, toda vez que exponho meu rosto, minha voz, meu corpo, eu estou dando algo de mim, e o meu nome é algo que me foi dado e não escolhido, para mim é precioso.
– Interessante, se formos pensar é verdade, começamos a vida já sem escolha, até a nossa identidade nos é atribuída. Bem, seus fãs sempre se emocionam ao escutar sua voz seguida por suas lágrimas, como surgiu essa característica de melancolia em suas músicas e em sua voz?
– Eu sempre dizia que já nasci melancólica, a tristeza me vem fácil e não vai embora, ao cantar é uma forma de me libertar ou me prender e chorar é a emoção que sinto naquele momento, é mais íntimo do que estar nua, do que transar. Eu me exponho de uma forma concreta e abstrata, estou ali aberta, para quem quiser ver. É o meu grito silencioso.
– Isso, nossa, isso… Nunca imaginei essa resposta. E o por que dos gestos com a mão e o corpo?
– Pense assim: Se estou me libertando por um pequeno momento, estou me libertando de corpo e alma.
– L., muito se especula a respeito de sua vida amorosa, como você se declara no momento?
– No civil, sou solteira, mas na vida, sou amada. Há 10 anos, muito amada.
– Essa declaração é inédita, nunca ouvimos você dizer isso, porque nunca vimos você com ninguém.
– Sou reservada, como todos perceberam, mas para ser sincera, ninguém nunca me perguntou diretamente da minha vida amorosa, apenas especulam.
– É verdade que você foi convidada para fazer o filme de Drama chamado “Ode a mim mesma”?
– Sim.
– Bem?
– Não me interessei por vários motivos, o primeiro é que não sou atriz, e acho desrespeitoso eliminar tantas mulheres que estudaram para essa profissão e são muito mais capacitadas do que eu, que nunca estudei e nem pretendo. Segundo, eu já tenho minha profissão e cantar me faz quem sou, mas não me define. Os outros não convém a mim dizer.
– Você sempre foi muito direta, o que te faz ser tão reclusa?
– Como eu já disse, eu me exponho muito, preciso de ter partes minhas que são só minhas.
– Antes de encerrarmos a entrevista, você gostaria de cantar?
– Claro, cantarei minha mais recente música “Pari minha solidão”.
Encerraremos essa entrevista com a cantora L. nos agraciando com sua voz. L., obrigado pela presença, um lamento termos tão pouco tempo de entrevista, foi um prazer poder conversar com você.
– …
(…)
– Ela já se foi?
– Sim.
– Eu escuto ela cantando e sinto partes de mim sangrando.
– Conheço essa sensação.
– É tanta dor. Como ela consegue?
– Ela mente.
– Não mentimos, todos nós?
Que massa!
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