Os dias têm sido quente. Para não me sentir perdido, deixo o ventilador ligado, na direção do vento. O rádio ligado no fundo, sintonizado na estação de blues.
Nesses dias, eu me esqueço da chuva, do frio, dos arrepios.
A língua gelada no céu da boca. O suor escorrendo nas costas e deixando a blusa pregada na cadeira de plástico.
A cigarra cantando longe e tão perto.
Os olhos fechados, com o corpo preguiçoso, mas sem sono.
Nesses dias quentes, sinto como se fossem mil. Passo o dia todo tentando fazer algo, mas nada é produtivo.
Acabo fruta congelada, escutando blues e suado.
Esses dias, de céu azul, são eternos.
O radialista falou que só irá chover no final do mês, mas agora que entramos no dia 5.
Será um longo mês. Está sendo uma longa vida.
Todo dia, olho no espelho, para ver se é a mesma pessoa me encarando.
Às vezes, estranho.
Os dias têm sido solitários.
Seus poemas mudaram. Mais concisos, diretos, equilibrados.
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A terapia deve ter feito efeito hahaha
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