Guarda-trecos não guardam meu coração.


Abri minha bolsa marrom e minha depressão me engoliu buraco adentro.

Fiquei sem chão, pensando em tudo o que fiz.

Aquela sou eu, aquele pedaço de carne?

Onde me enfiei? Onde estou?

Você disse que iria orar por mim.

Vejo que não orou, porque se então eu não estaria nesse buraco cada vez mais fundo, cada vez que olho estou caindo, estou sem chão.

Meu coração se partiu em cinco e cada vez que conto se torna sete e até a última vez que olhei já estava em trezentos e oitenta.

Não se regenera mais.

Estou perdida.

Nessa bolsa não tem um maço de cigarro, só maquiagens, papéis, óculos escuros, hidratantes, agenda, óculos de grau, medicamentos, nem dinheiro tem.

Odeio cerveja, mas vou beber, beber, beber, beber.

Beber para não sofrer.

A ironia que o destino me reserva é tão grande que mesmo bêbada eu choro.

Ainda estou caindo.

Ainda estou perdida.

Fechei minha bolsa.

Mas a depressão saiu de lá e me engoliu.

Agora estou aqui, presa nessa gelatina de sofrimento.

Se chorar, posso morrer.


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