– Sobretudo as minhas amarguras me torturam. – Ele alisou o casaco e olhou seu companheiro de ônibus. Estava ansioso, afinal era seu defeito-qualidade ser assim, e achou que poderia falar de sua maior angústia. Mas mal terminou de dizer, quando ia completar o homem o interrompeu.
– O que você disse? Ah, amarguras. Hoje em dia o povo acha que sofre de depressão, a doença do século, blá, blá, blá. Mas estão precisando mesmo é de um cabo de vassoura! – O homem cuspia enquanto falava, além do fato de se sentir o maioral. Fez dar a entender que o nosso incrível e tosco protagonista era depressivo à frescuras.
– O senhor me perdoa, meu ponto está chegando. – Ele se levantou com mal jeito e passou para o outro lado segurando o ferro de apoio.
– Não sofro de depressão. Sofro da amargura de ter que conviver no mundo com pessoas como o senhor, que além de ignorante e metido a sabichão, também tem mau hálito! Passar bem. – Os outros passageiros ficaram olhando o nosso personagem sair do ônibus normalmente. E pensavam com medo, que homem sincero. Ou até mesmo, que falta de educação.
Mas na verdade o nosso gentil cavaleiro sofria de verdades, ou melhor, sinceridade.
No caminho ele ia passando deixando seu rastro de destruição.
– Aqui tem esse cheiro mesmo ou a senhora está com gases? – Perguntou ele para a moça do caixa, enquanto comprava umas balinhas de menta. E assim vivia ele, sendo sincero e mal interpretado.
3 respostas para “O mundo não foi feito para habitar os sinceros.”
Sinceridade nunca foi atributo para sociabilidade. Dizer verdades também não classificam pessoas, muitos preferem a farsa do socialmente correto, massageia a falta de raciocínio humano e mostra que é claro e absoluto que a única diferença entre nós e macacos está nos pelos e nos rabos, mas os compridos, pois o outro s distribuem sem distinção, assim como coices de mulas em excitação.
Interessantíssimo pensar! 🙂
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Interessantíssimo comentário! 😀 Gostei da sua ironia. Ainda bem que não são todos assim.
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Mau hálito é imperdoável
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