Andado por entre os arbustos, dobrada no próprio corpo. Cuspia a massa amarela.
– Onde você está? Covarde! – se debruçou novamente sobre o próprio corpo e cuspiu, ou vomitou?
As lágrimas corriam pela sua face e cortava a pele delicada.
– Venha! Não gostaria de descobrir o monstro que sou? Não gostaria de saber quem sou? Filho nascido do inferno! – Apareceu um homem ao lado dela, sorria de forma tão suave, se eu já tivesse visto outrora um anjo eu o assemelharia ao homem ao lado dela.
– Ah minha flor, chama-me de demônio, de monstro. Chama-se de monstro. Mas quem és tu? Uma hipócrita. Vomita sobre si mesma por não querer largar quem não é! Olha para mim, olhe! – Ele vociferava de forma brutal, o rosto perfeito sem uma mancha, linha de expressão, marca e qualquer imperfeição. Continuou gritando com uma calma terrível, e era tão lindo de se ver.
A mulher se ergueu, nesse momento se dobrou pesadamente e tornou a vomitar e cuspir, dessa vez eram pedaços de entranhas.
– Seu cretino. – Ela caiu em meio ao sangue e aos pedaços de dentro de si. Fechou os olhos e foi desfalecendo.
– Volte para o inferno minha querida, a encontrarei lá. – Ele ergueu as asas negras e mergulhou num vôo perfeito para dentro da terra.
A mulher ficou caída sobre si mesma no meio da grama cortada, suas asas cortadas sangravam, seus lábios abertos deixavam sair o líquido amarelo. Os olhos dela ficaram abertos eternamente sobre o céu.
O dia findou.
somos ou podemos ser, ou fomos
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Tão difícil de saber.
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Devaneando: talvez em seu vômito amarelo ela cuspia sol. Belíssimo texto. Ainda bem ou mal que todos demônios somos nós.
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